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Família inteira de Prefeito é aprovada em concurso em MG

23/03/2008 | 7881 pessoas já leram esta notícia. | 1 usuário(s) ON-line nesta página

O resultado de um concurso público está causando polêmica entre os moradores da cidade de Ipaba, no Vale do Aço, a 250 quilômetros de Belo Horizonte. Tudo porque, na relação dos aprovados, aparecem os nomes da mulher, de três filhos e dois sobrinhos do prefeito José Vieira de Almeida (DEM). A lista de aprovados também se estende a secretários e a uma filha do vice-prefeito. A polêmica já chegou ao Ministério Público. Na semana passada, o advogado Denner Franco Reis fez uma representação à Promotoria de Justiça do Patrimônio Público em Ipatinga pedindo a anulação do concurso. As provas foram realizadas em 24 de fevereiro e o resultado foi divulgado no último dia 10. Foram 267 inscritos, que concorreram a 110 vagas – a maioria para cargos de nível médio, com salário inicial R$ 380.

Os irmãos Cléria e Clevison Almeida Martins, filhos do prefeito, aparecem como os segundos colocados para os cargos de auxiliar de assistência social e operador de máquina, respectivamente. O outro irmão, Cleivison, foi aprovado para a única vaga disponível de chefe de serviços. A mulher do prefeito, Izaltina Martins Almeida, foi aprovada para o cargo de secretária-executiva, vaga disputada por outros três concorrentes.

As suspeitas de favorecimento, de acordo com a representação, também recaem sobre a filha do vice-prefeito, José celestino Pena (PSB), Janaína Silus Pena, aprovada para a única vaga ao cargo de atendente de consultório odontológico da prefeitura. Também foi aprovado no concurso o secretário de Saúde, Weber Freire Pascoal, para a vaga de motorista. Ele receberá salário mínimo. Já o secretário de Tributos, Everton dos Reis Couto, foi aprovado para o cargo de encarregado de serviços, também com salário mínimo. “Os salários deles giravam em torno de R$ 2 mil. Agora, com a aprovação no concurso, eles podem ser apostilados em seus cargos, ou seja, exercem a função para a qual foram aprovados no concurso e recebem o salário do cargo de comissão” disse Denner Reis.

A secretária Sebastiana Souza de Oliveira foi uma das que concorreram à vaga de secretária-executiva, na qual foi aprovada a mulher do prefeito. Segundo ela, o resultado não foi o esperado por quem participou das provas. “Eu me preparei e acredito que fiz uma boa avaliação, mas já suspeitava que esse resultado poderia ser de cartas marcadas” disse a secretária. De acordo com ela, as provas para conhecimentos gerais foram direcionadas a pessoas que trabalhavam dentro da prefeitura. “Uma das questões da prova foi escrever o nome completo do prefeito. Outra foi dizer quais as distâncias entre Ipaba e Ipatinga e Belo Horizonte”. Candidatos que vieram de fora, segundo ela, teriam dificuldades para acertar essas questões. No fim do ano passado, a administração municipal, em cumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado com o MP, exonerou os familiares do prefeito de suas funções.

Por ser feriado, o promotor público Fábio Finotti, curador do Patrimônio Público da Comarca de Ipatinga, não foi encontrado para falar sobre o assunto. O prefeito também não foi localizado. A reportagem tentou entrar em contato com o ele na prefeitura, que não funcionou devido ao recesso da semana santa. Por duas vezes tentou entrar em contato por telefone com o prefeito em sua residência, mas também não foi localizado. Em uma das ligações, a mulher do prefeito disse que as acusações não faziam sentido, e que partiam de grupos políticos que fazem oposição ao atual governo. A reportagem também não conseguiu falar com os responsáveis pela empresa contratada para a realização do concurso, a Seletiva Pública, com sede em Belo Horizonte.

Uma das questões da prova foi escrever o nome completo do prefeito.

Intimidação

Durante a apuração da matéria em Ipaba, um grupo de 10 pessoas, liderado pela filha e por um dos filhos do prefeito, tentou intimidar a equipe de reportagem do Estado de Minas. Em dois veículos e aos gritos, eles perseguiram o carro do jornal até obrigar os jornalistas a parar na saída da cidade. Um rapaz do grupo disse que o fotógrafo não poderia tirar fotos da cidade sem permissão e os demais partiram para tomar o equipamento fotográfico. Só não o fizeram porque no exato momento chegou um policial militar, que impediu a agressão. Os fatos foram registrados em boletim de ocorrência. 
 

Fonte Estado de Minas / Uai