A uma semana da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer pela Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto faz as contas e aposta em chegar próximo a 300 votos pela derrubada do processo, em uma tentativa de mostrar força, com o presidente se envolvendo pessoalmente na conquista de cerca de 80 votos ainda indecisos.
Na quinta-feira, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, vai se reunir com os líderes da base aliada e do governo na Câmara para avaliar as perspectivas para o dia 2, quando está marcada a votação da denúncia no plenário.
Responsável pela contagem de votos, o vice-líder do governo na Câmara Beto Mansur (PRB-SP) afirma que o governo tinha, na última segunda-feira, 261 parlamentares a favor do governo e 80 indecisos.
"O presidente me pediu 20 nomes e ele mesmo entrou na briga, ligando para os deputados", contou. "Acho que podemos chegar a 300 deputados votando conosco, com tendência de mais."
Para que a Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal (STF) a processar Temer são necessários os votos de 342 dos 513 deputados, um número que a oposição admite não ter. De acordo com cálculos de Mansur, nesse momento apenas 171 votos são garantidos contra o presidente.
Na votação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o governo venceu com os votos de 40 dos 66 deputados do colegiado, um a menos do que a projeção feita pelo Planalto e sua tropa de choque. Mas para isso os partidos aliados fizeram várias trocas de parlamentares na comissão.
Ainda assim, o governo perdeu cinco dos sete votos do PSDB, em tese um dos principais partidos da base.
Em plenário, a avaliação de Mansur é que o PSDB deve dar pouco mais da metade dos seus votos. E confirma que pode haver mudanças ministeriais depois da votação.
"O presidente não quer tirar o PSDB do governo. Mas há sim cobranças de partidos que ocupam um espaço menor e deram os votos na comissão", disse o vice-líder do governo.
Mansur diz que, além da contagem dos votos, está fazendo um trabalho de "proporcionalidade" para entregar ao presidente, comparando o número de votos que cada partido der com seu tamanho na Esplanada dos Ministérios.
"Aí o presidente vai decidir o que fazer com isso", afirmou.
PrevidêNcia
A avaliação da base governista é que, derrotando essa primeira denúncia, uma segunda apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot --que analisa outros dois processos, por organização criminosa e obstrução da Justiça-- viria mais fraca e teria menos impacto na bancada.
"Eu acho que diminui a pressão, diminui muito. E a gente vai poder tentar trabalhar para aprovar o que é necessário", disse Mansur.
Uma votação majoritariamente favorável ao governo seria um sinal de que Temer ainda tem força para mobilizar a bancada e mexer em temas necessários para a economia, como a reforma da Previdência.
Mansur confirma que a intenção do Planalto é recomeçar a negociação para a votação da reforma da Previdência logo depois de derrotar a denúncia.
"Temos que votar a reforma da Previdência entre agosto e setembro ou não dá mais tempo", disse.
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