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Nova fase da Lava Jato mira operadores que lavaram mais de R$ 50 milhões

10/11/2016 | 1495 pessoas já leram esta notícia. | 2 usuário(s) ON-line nesta página
O lobista Adir Assad é um dos alvos da 36ª fase da Operação Lava Jato

A Polícia Federal realiza a 36ª fase da Operação Lava Jato nesta quinta-feira (10). Batizada de "Dragão", ela mira dois operadores financeiros especializados na lavagem de recursos de grandes empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras, segundo a força-tarefa.

As investigações apontam que os dois suspeitos são responsáveis por lavar mais de R$ 50 milhões para as empresas. Eles foram apontados, em delação, como operadores utilizados para pagamentos indevidos pelo Setor de Operações Estruturadas, o departamento da propina na estatal.

São cumpridos 18 mandados em três Estados: Ceará, São Paulo e Paraná. Deles, são 16 de busca e apreensão e dois de prisão preventiva (por tempo indeterminado).

O lobista Adir Assad, já preso pela Lava Jato em Curitiba, é um dos alvos de um dos mandados de prisão. Investigado em diversas operações contra corrupção, Assad foi alvo de três mandados de prisão em pouco mais de um ano: Lava Jato, no Paraná, Operação Saqueador, no Rio, e Operação Pripyat, desdobramento da Lava Jato no Rio.

O outro alvo de mandado de prisão é o advogado Rodrigo Tacla Duran, que está no exterior. Segundo o MPF-PR (Ministério Público Federal do Paraná), ele foi "responsável por lavar dezenas de milhões de reais por intermédio de pessoas jurídicas por ele controladas". Segundo um delator, as offshore utilizadas por Duran eram chamadas de "kibe" e "dragão" --esta última que dá nome à operação deflagrada desta quinta.
Uso de empresas

O advogado recebeu R$ 36 milhões de empreiteiras investigadas na Lava Jato, entre elas, a UTC, Mendes Júnior e EIT. Os dados constam em pedido de quebra de sigilo de empresas que, segundo o MPF, são suspeitas de escoar a propina da Mendes Júnior. Somente da Mendes Júnior, o escritório Tacla Duran Sociedade de Advogados, entre 2011 e 2013, recebeu R$ 25,5 milhões.

Da UTC foram R$ 9,1 milhões e da EIT outros R$ 2 milhões. "Diversos envolvidos no caso valeram-se dessas empresas a fim de gerar recursos para realizar pagamentos de propina", diz o MPF.

No caso da Mendes Júnior, os repasses ao operador são explicados na proposta de delação premiada em negociação com a Procuradoria-geral da República. Os valores seriam destinados a agentes públicos envolvidos em irregularidades em obras da Petrobras e no governo do Rio de Janeiro.

Até então, os investigadores tinham conhecimento apenas da atuação de Duran em transações envolvendo as contras secretas da Odebrecht. Com a quebra de sigilo das construtoras, os investigadores descobriram que duas empresas de Duran foram beneficiárias de pagamentos milionários.

Além de Odebrecht, Mendes Júnior, UTC e EIT, o MPF também mapeou a relação de Tacla Duran com ao menos outras duas empreiteiras e dois operadores presos pela Lava Jato. A Treviso, de Julio Camargo, operador da Toyo Setal e atualmente delator, repassou R$ 350 mil para o escritório do advogado. Por sua vez, outra empresa de Tacla Duran, a Econocell do Brasil, repassou R$ 3,5 milhões para empresas de Adir Assad, apontado como operador da Delta Engenharia e de outras construtoras.
Repasses

As investigações apontam que Assad, por meio de transferências de contas mantidas por suas empresas em território nacional, repassou R$ 24,3 milhões a Duran.

A operação apura as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, manutenção não declarada de valores no exterior e lavagem de dinheiro.

As ações são realizadas nas cidades de Jaguaruana (CE), São Paulo, Barueri (SP), Santana do Parnaíba (SP), Curitiba, e Londrina (PR). Ao menos 90 agentes da Polícia Federal estão envolvidos na operação.

Fonte UOL Notícias